quarta-feira, 30 de outubro de 2013

Capítulo Trinta... Xô, problemas....



Tomando com pressa uma xícara de chá pela manhã apareceu em minha janela um lindo passarinho verde. Observei-o, ele era tão calmo, comia tão devagar, sem pressa de viver... Ele me passava paz e simplicidade.
Já estava atrasada para o trabalho, mas esse simples momento me fez refletir durante o resto do dia. Estava estressada, apressada, tomando chá, pois não tinha tempo de fazer um suco (oras, era mais prático fazer chá do que suco, apesar de não ter muita paciência de esperar a água esquentar...), mal comi bolachas e me vesti sem vaidade. O tempo é curto e eu estou administrando esse pouco tempo que tenho muito mal... Ter tempo pra si mesmo deveria ser obrigatório para qualquer ser humano.
Após o cansativo dia de trabalho resolvi chamar umas amigas para sair, e nessa saída conheci um belo rapaz que veio até a nossa mesa flertar junto com uns amigos. Seus olhos verdes e cativantes me chamaram tanta atenção que  resolvi dar ouvidos para ele rapaz. Algo nele era diferente  e me despertava curiosidade em desvendar o que ele era. Seu nome era Guilherme, tinha 30 anos e pelo pouco contato que tive com ele já deu para perceber que ele era sensível, inteligente, espiritualizado e músico, afinal ser músico é uma baita qualidade. Conheci alguns trabalhos dele, como previa, ele era muito talentoso, e dominava o violão. Tinha uma personalidade e estilo próprio, além de cantar com sua afinação impecável, sua voz era doce e penetrava em minha mente, me passando tranquilidade e uma absurda admiração.
Dali em diante viramos amigos e parceiros, nos unimos através da música. Começamos a nos ver frequentemente, virávamos noites ensaiando juntos, ríamos de coisas banais, conversávamos sobre tudo, sempre nos divertíamos juntos... Poderia dizer que sim, um estranho virou meu melhor amigo. Uma amizade sem interesses, pois, até então, nunca me senti atraída por ele, creio que por questão de química mesmo.
Certa noite, enquanto assistíamos a um show pop, olhei para ele com outro olhar, naquele instante me senti atraída e foi recíproco. Aproximamos-nos e nos desligamos do mundo... Seu beijo me envolveu. Sentia seu suspiro quente e ofegante em meu ouvido, seu toque era macio e excitante, seu olhar mergulhava em minha mente, mas não conseguia decifra-lo... Que mistério, que medo...
 Neste momento percebi que uma amizade gerou um envolvimento forte e sincero. Mas algo na minha intuição já esperava um final não muito agradável...
Nós ficamos juntos durante quase um mês, foram momentos intensos e alegres. Mas a todo momento estranhei algo dentro de mim, não estava apaixonada, não conseguia me entregar completamente. Guilherme era cheio de problemas emocionais e inseguro, talvez isso tenha me passado um desconforto na nossa relação me bloqueando. Mas na verdade, percebi que não me abri, não me envolvi por completo, pois não queria, éramos diferentes em muitos aspectos e eu necessitava de algo mais...

Ahhh, chega de tentar algo que não deu certo desde o começo, né? Se não bateu o meu coração de primeira, não vai bater nunca, se não me senti segura de me envolver com o Guilherme, isso jamais irá acontecer... Chega de tentar mais um erro! Chega de fracassar minha autoestima, chega de me sacrificar por alguém que jamais será alguém no meu futuro.
Creio que a vida me dá rumos, e essas pessoas aparecem nela apenas como um teste de resistência. Meu foco é outro no momento, preciso de tempo para estudar, e me envolver com a pessoa errada não vai ser produtivo para mim... Decidimos voltar a sermos somente amigos, parceiro e companheiros de aventuras, como sempre foi. Não é ele, não é o momento, não é este o objetivo. Sou jovem e tenho a vida inteira para me apaixonar e me envolver com o homem certo.
A partir de hoje sou uma nova Clara. A Clara mais exigente, mais prática, mais focada, mais estudiosa, menos dada, mais mulher e  mais antissocial (impossível não ser depois desses itens...rs).
Até um breve romance...